Aulas Escolares Virtuais, onde estamos hoje e para onde vamos?

As aulas das crianças atualmente estão sendo realizadas virtualmente por meio digital. Ainda há muito o que aprender e melhorar neste processo, mas estamos no caminho certo? Como será o futuro?

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Um dia acordamos inseridos em outra realidade. De repente, as aulas escolares passaram da sala de aula direto para dentro das casas das pessoas. Pais e avós se desdobrando para disponibilizarem uma infraestrutura minimamente aceitável para transmissão de aulas virtuais em suas casas, rotinas sendo transformadas e, mais do que isso, todos com disposição para estar ao lado das crianças e ajudá-las na transição da sala de aula para casa.

Há pelo menos 3 meses estamos trabalhando em um modelo que até então era pouco utilizado pelas escolas, mas que de repente, a exceção virou a prática, o padrão. Dividir a atenção do trabalho e afazeres do lar com as aulas das crianças tem sido um grande desafio para pais e professores.

Tenho recebido alguns feedbacks das minhas crianças sobre este processo e gostaria de abordar pontos comuns que foram levantados com seus colegas inclusive:

  1. Falta de contato pessoal com os amigos e professores: a falta do convívio escolar, que engloba os colegas, professores e funcionários da escola tem sido sentida pelas crianças, afinal a rotina foi quebrada abruptamente, gerando um sentimento de perda que precisa ser trabalhado pelos pais.
  2. Estamos aprendendo bem, mas não é a mesma coisa: a ausência do ambiente da escola, o cheiro da sala de aula, do lugar comum, do recreio, até a forma de fazer perguntas ao professor mudou. Atualmente tirar dúvidas com o colega ao lado ficou diferente, todo mundo está ao lado, a apenas um click. E as aulas práticas e lúdicas? E as feiras, eventos e festas?
  3. Prestar mais atenção na aula e fazer os deveres de casa : O modelo novo traz uma outra dificuldade, a do foco das crianças. Algumas conseguem focar bem no modelo de aulas virtuais e outras não conseguem se desligar das distrações da casa e focar, causando frustração e a perda da matéria, exigindo um esforço adicional dos pais e avós que da noite para o dia viraram assistentes, ou até professores de fato complementando os estudos.
  4. Uso das suas próprias coisas em sua casa: reconhecem que o uso das suas próprias coisas, com individualidade, é até bacana. Mas cresceram aprendendo a compartilhar, logo, a maioria prefere compartilhar o espaço com os colegas do que ficarem nos seus quartos “sozinhos”. Até o fato de ter que dar aquele pedaço do lanche para o colega está fazendo falta.
  5. Problemas técnicos de internet afetando bastante a aula: nosso país possui uma rede de telecomunicações ainda frágil. Ter a todos em casa trabalhando e estudando fez com que as redes ficassem sobrecarregadas, sem contar que nem todos possuem uma rede em casa de qualidade, precisando fazer investimentos adicionais. Isto vem causando interrupções que deixam os alunos irritados com: travamentos, congelamentos e afins. Resultado da falta de estrutura e de planejamento que não houve tempo para executar.
  6. Não se comunicar com o(a) professor(a) facilmente se tiverem dúvidas: na sala de aula, teve dúvida, levanta a mão e pergunta. Na aula virtual este processo existe, mas ainda é complicado, afinal o professor precisa gerir prioridades à distância, procurar atender a todos de forma justa e de certo modo não foram treinados para atuar nesta situação com antecedência. Sabe aquele aluno que para aprender melhor precisa sentar-se na primeira cadeira da fila? Pois é, ele(a) não poderá mais estar ali às vistas minuciosas do(a) professor(a), onde com um pequeno sinal corporal já o(a) deixava saber que precisava de ajuda, como ele(a) será capaz de reconhecer virtualmente este comportamento? Como ele se sentirá confortável de levantar a mãozinha virtual toda a hora para perguntar?

Mas, como será o futuro? Bem, estamos no meio da onda de aprendizado e maturação deste processo de e-Learning que nos foi inserido a forceps. Até o final do ano estaremos melhor estruturados e melhor engajados, o que fará com que a qualidade evolua e novos investimentos surjam na área de aplicativos, de rede e de equipamentos computacionais. Ou seja, no melhor cenário, há muitas questões a serem resolvidas ainda.

No cenário dos menos favorecidos, a situação é dramática. Os desafios em levar educação online para a população mais carente, são enormes. Sem recursos para a infraestrutura básica para suportar as aulas em casa, alunos e professores sofrem nesta nova realidade. Imagine a situação da criança que precisa pegar o celular da mãe e ir a um estabelecimento comercial acessar a internet privada do local para assistir à aula? Mesmo com todas as dificuldades inerentes ao processo, os alunos das escolas particulares estão melhor preparados. O abismo entre estas duas realidades só será transposto com articulação forte entre a sociedade civil, empresas e o governo.

As aulas voltarão à normalidade da sala de aula um dia, mas claro, com as devidas proteções respeitando distanciamento, uso de máscaras e tudo o mais. Contudo, certamente, pelo menos por um tempo, parte das aulas ainda será administradas por meio digital. Até aí, tudo dentro do esperado. Mas o que deve realmente se alterar é o comportamento das crianças para com o uso do computador em prol dos seus estudos, fazendo mais treinamentos à distância, em qualquer lugar do mundo, nas mais diversas disciplinas de interesse. Aulas de língua, programação, música, entre outras matérias, as quais provavelmente permanecerão ministradas por meios digitais. Ou seja, o “Edge Computing” se tornará um aliado nos estudos das crianças, onde a educação deverá ser democratizada e melhor globalizada.

Num futuro não tão distante, haverá a inserção de tecnologias que potencializam a experiência do usuário nas salas de aula, experiências estas que atualmente são mais utilizadas nos ambientes empresariais e dos videogames. O uso de AR (Augmented Reality) e VR (Virtual Reality) nas salas de aula, é inevitável. Estas tecnologias servirão para virtualmente ilustrar ambientes, lugares históricos e geográficos, situações históricas, além de poderem usar aplicações para criar protótipos virtuais antes de se produzir os reais, reduzindo custos com perdas de materiais.

Imagine criar uma maquete virtual para a feira de ciências e em seguida construir uma física idêntica prestando atenção em cada mínimo detalhe? E se pudéssemos estar em nossas casas, e criar um ambiente de sala de aula tradicional utilizando AR/VR? E se as crianças pudessem conhecer outra cultura, visitar museus viajando e voltando sem sair do lugar em minutos? Entende como podemos fazer uso das tecnologias para suprir boa parte dos pontos levantados acima e que hoje são desconfortos de nossas crianças?

A democratização da Internet, levando para todos a infraestrutura básica, é uma ação urgente para o poder público e privado. É evidente que não haverá educação de qualidade sem o mínimo de infraestrutura digital básica para isto.

O Futuro é logo ali e a pandemia pode ter sido importante para este empurrão na melhoria do uso das tecnologias para a educação dos nossos filhos e netos. Então que venha a era digital na sala de aula, definitivamente para ficar!

Está difícil contratar para área de tecnologia. Mas, a oferta é de carreira ou de emprego?

O Employee Value Proposition (EVP) precisa ser forte para que a empresa possa recrutar os melhores talentos para as posições de tecnologia. Este é um fator primordial para uma das áreas que mais cresce reduzindo o turnover em 69% !

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Para quem não está familiarizado, o Employee Value Proposition ou EVP, é a forma que a empresa expõe seus predicados para atrair novos talentos, através de qualidades que a torna especial e diferenciada, ou seja, mais sedutor (profissionalmente, claro) para o mercado de talentos.

Talentos para as áreas de BI, Blockchain, AI, IoT entre outras áreas de crescimento acelerado do mercado está cada dia mais complexo de se encontrar e com posições abertas em praticamente todos os segmentos da indústria. Com a escassez de talentos, a competitividade aumenta muito, logo ser atraente é fundamental.

Seguem alguns exemplos de EVP de famosos de mercado:

  • Hubspot. “We’re building a company people love. …
  • Nasa. “Explore the extraordinary, Every Day…
  • Yelp. “We work hard, throw Nerf darts even harder, and have a whole lot of fun. …
  • Goldman Sachs. “At Goldman Sachs, you will make an impact” …
  • Target. “Oh what fun. …
  • L’oreal. “A thrilling experience. …

Mas o que é um bom EVP na área de tecnologia? São aqueles relacionados aos tópicos abaixo:

  1. Oportunidades de Carreira Futuras em empresas que primam pela inovação
  2. Parte econômica atrativa com ótimos benefícios
  3. Oportunidades de Desenvolvimento de conhecimentos
  4. Flexibilidade horário
  5. Ambiente divertido e ágil
  6. Empresa com propósito ambicioso
  7. Excelência Operacional destacada

Explicando um pouco melhor, é o seguinte: se trata da intersecção entre o que o candidato trará de benefícios relacionados ao seu conhecimento, sua experiência, seu talento e demais atributos para compor a equipe; em troca a empresa lhe proporcionará oportunidade de crescimento, boa compensação, ambiente agradável, flexibilidade de horário, envolvimento com pessoas de alto nível intelectual, mudança de país e reconhecimento. Quando estas duas partes se encontram e dão match, dize-se que há um EVP forte.

São 5 os fatores a explorar pelos candidatos e pelas empresas empregadoras: Pagamento, Oportunidades, Organização, Pessoas e trabalho.

Fundamental é explorar o futuro nas ofertas de trabalho, por que? Porque as pessoas querem mais do que um emprego, querem um projeto que se encaixa com o seu propósito. A partir do momento que este projeto deixa de ser sedutor, simplesmente ela passa a procurar outro projeto e o turnover da empresa aumenta. A forma de reduzir este turnover em mais de 69% é ser sincero quanto ao projeto desde o momento das entrevistas, gerando a expectativa correta com o EVP criado.

Evidentemente as coisas podem mudar ao longo do tempo, mas isto não deveria ser um problema se o que foi vendido for verdadeiro e as mudanças entendidas como erros de percurso que poderão ser mitigados ao longo do tempo.

Os candidatos por sua vez buscam se desenvolver, se tornarem mais completos a cada passo dado em sua carreira. Na hora de tomarem a decisão de mudança, muitas das vezes colocam mais peso na balança na possibilidade de desenvolvimento do que na de compensação de curto prazo. Exemplo: um candidato que ganha R$ X pode ir para um projeto mais atraente ganhando os mesmo R$ X, tendo a perspectiva de uma melhora de ambiente de trabalho, morar e trabalhar perto, ter flexibilidade de horário, crescer mais rapidamente em sua carreira, entre outros. Claro que dependerá do perfil do candidato, do momento de carreira, ou seja, pessoas mais jovens estão mais preocupadas com desenvolvimento, pessoas com filhos e casadas se preocupam mais com compensação e benefícios, mas em linhas gerais, ambos andam no mesmo espaço de discussão, afinal não nos esqueçamos que realização profissional conta muito, é primordial.

Em linha com os posts anteriores do Blog, as empresas enxergaram a importância de trabalharem o EVP, mas para tal precisam explorar melhor seu propósito nas redes sociais, eventos, mídias tradicionais entre outros meios de veiculação da informação. Por quê? Porque EVP não começa a ser construído na elaboração da vaga, mas bem antes, para se transformar em uma marca atraente para as pessoas através de ações sociais, apresentando um propósito claro e objetivo, empregando pessoas que estejam satisfeitas e que divulgam ao mercado tal felicidade, demonstre quão agradável é trabalhar na empresa, entre muitas outras coisas positivas para a marca.

Finalmente, as empresas precisam prestar atenção nestes pontos na hora de construir o EVP: serem autênticas, relevantes e diferenciadas na mensagem que querem passar para atrair de fato bons talentos. E os candidatos procurarem posições que agregam diretamente ao seu portfólio pessoal de conhecimento evolução de carreira e propósito (projeto) para que possam crescer juntos com a empresa.

Costumo dizer que: “Não existe o candidato ou a empresa perfeita, todos os lados terão de se provar constantemente um ao outro, terão gaps a desenvolver, o que é ótimo, pois poderão crescer e juntos. Que seja contínuo, atraentemente contínuo.”

O consenso é: há que se ter um propósito, então que seja forte e verdadeiro!

Estamos em um momento em que há desemprego, latentes fragilidades, doentes e acima de tudo há uma enxurrada de desafios pessoais e profissionais neste “novo normal”. Como lidar com isto, ter um projeto, um propósito que possa ajudar à sociedade de verdade através da inovação de processos, das tecnologias emergentes e das mídias sociais? Agora é a hora!

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Os convido a fazerem comigo uma reflexão bem simples: de repente entramos numa espécie de “novo normal” onde ficamos mais disponíveis e todos olhamos uns para os outros e nos vimos lá. Está bem, e agora? Revimos nossos conceitos e chegamos a uma velha conclusão de que toda empresa e pessoa deve ter o seu propósito, aquele projeto para chamar de seu, um que realmente as mova a fazer a diferença para si e para a sociedade. Algo que possa habilitar a tecnologia como aliada, com conhecimento de causa, com experiência e tempo. Ao mesmo tempo você precisa estar convicto de que consegue colocar este propósito em prática de forma clara, afetando positivamente a sociedade.

Se tem tudo isto, é um ótimo momento para se expor e fortalecer sua marca, do seu produto e de quebra fazer com que seus funcionários fiquem orgulhosos. Caso contrário, se expor sem que tenha atendido a todos estes requisitos básicos, pode ser um tiro no pé. Não adianta criar um propósito revisitando missão, valores e visão só para cumprir tabela, para estar na moda.

O que tenho visto é um grande movimento de empresas e principalmente de pessoas muito bem intencionadas, mas que acabam pecando por não cumprirem com as expectativas básicas geradas, entregam uma música comum e desafinada que não agrega nada à sociedade, tão pouco à empresa. Por exemplo, as ONGs estão se empenhando e conseguindo melhores resultados neste processo, como a Gerando Falcões, que lidera projetos sociais nas favelas do Brasil através do uso de tecnologias emergentes, doações e voluntariado. Se não tem um propósito claro e muito bem definido socialmente, atrelar a sua marca a uma iniciativa poderosa como esta, pode ser um bom caminho.

O mal do mundo moderno é a expectativa, que aliás é a causa de mais de 50% das doenças da mente. É inato do ser humano. Ele está sempre esperando do outro aquilo que acha que o outro pode lhe entregar. Se não recebe o que acredita ser merecedor, se decepciona e sofre. Nos dias de hoje isto é latente.

A sociedade passa por um momento que a deixa fragilizada. Se alguém ou alguma empresa deixa a entender que tem algo a oferecer para mudar ou melhorar este padrão, gera-se uma expectativa. Caso não seja cumprida, o risco em ter a imagem arranhada é grande. Empresas e pessoas que querem ser relevantes em propósito, precisam fazê-lo de forma real e comprometida, e não somente de forma superficial e comercial. Os consumidores vão analisar o comprometimento da empresa/marca/profissional no médio a longo prazo, e decepções podem levar a uma ruptura definitiva com o cliente se este se sentir enganado. Já presenciamos o “cancelamento” de projetos nos meios digitais por declarações ou atitudes desconexas ao que aparentavam defender.

As mídias sociais são excelentes formas de divulgarmos os nossos projetos, propósitos, nos conectar a trabalhos sociais e angariar apoio. Fazer uma live, participar de uma entrevista, fazer um debate, nunca foi tão fácil realizar este tipo de iniciativa. Embora seja difícil angariar audiência e ter recorrência, é preciso lembrar que, a possibilidade hoje de gerar exposição, chamar atenção, de fato existe e isto pode ser bombástico, ou pode vir a ser catastrófico. Levando em conta os dois extremos desta avaliação, há que se levar em consideração a relevância do tema para o momento (não ser mais do mesmo) e a qualidade do conteúdo que se está propondo, pensando em quem está assistindo.

Lembrar que, caso opte por fazer este tipo de atividade, do outro lado há alguém que tem expectativas. Abra um ou mais canais de comunicação para uma interação online, isto é muito importante, até para entender estas expectativas. Haverá uma incômoda tela que os separa e de onde somente um falará e será provocado. Já que é assim, que seja então passada uma mensagem do tipo “3M”, uma mensagem de apoio, de confiança e que estimule as pessoas a reagir durante e depois, e claro, seguir em frente.

O mais importante agora é que cada empresa, cada colaborador, possa ajudar a sociedade que está doente, está fragilizada, de forma efetiva e verdadeira seguindo o seu propósito, fortalecendo a sua marca. Isto nunca foi tão latente, tão cristalino! Não medir esforços para se aliarem a seus ecossistemas e criarem saídas inovadoras e criativas para juntos sairmos melhores do que entramos desta situação. É hora de darmos as mãos e agirmos genuinamente para um mundo melhor.

A aposta é que a força de recuperação virá do ecossistema

Estamos entrando na fase três do processo, o de retomada, ou pós-pandemia, a qual está afetando diretamente as nossas vidas. Empresas, governos e população estão se preparando para a retomada gradual planejada. Quem sairá mais forte deste processo?

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O relatório anual do Gartner Inc. entitulado CIO Agenda 2020, demonstra que, dentre outros pontos , empresas que enfrentam processos de disrupção e conseguem sair fortalecidas, são chamadas de empresas do tipo “Fit”, ou seja, são empresas que saem melhores condicionadas deste processo. Já o contrário, são empresas do tipo Frágeis. Então, o convido a fazer uma reflexão: quantas empresas serão consideradas do tipo Fit passada a crise que estamos enfrentando?

Empresas que neste momento estão preocupadas com os seus funcionários, com os cidadãos da cidade em que estão, com a economia local, certamente sairão melhores do que entraram. Pelo menos no que diz respeito aos processos, sistemas e pessoas, bem como com relação à sua imagem perante ao mercado. Certamente aprenderam, aproveitaram o momento e evoluíram, logo sairão transformadas.

Esta semana assisti à interação pelo LinkedIn entre dois influenciadores geniais, Ricardo Amorim e Allan Barros com o título de: Estratégia de Comunicação para o Pós-Pandemia. Comentaram, dentre outras coisas interessantes, que empresas que aproveitarem este momento para fortalecer os laços com seu ecossistema de clientes e parceiros, sairão mais fortes disto tudo. Não é hora de ganhar dinheiro com seu fornecedor e o fornecedor com o cliente, é hora de se ajudarem para que todos possam continuar a produzir, coexistir e retomar o crescimento. Esta sensibilidade precisa estar contida nas discussões da retomada, a preocupação com a economia e com a sociedade em si de igual modo.

Neste momento, a força está na união de todos os jogadores. O momento pede para que as partes envolvidas trabalhem para encontrar soluções que possam preservar e criar novos empregos, ajustar despesas e investimentos e continuar a produzir, afetando a economia positivamente no curto e médio prazo.

O fato é que aparentemente não será uma tarefa tão fácil, afinal se trata de algo novo para todos os envolvidos e não existe uma fórmula mágica para que o consumo volte rapidamente e as empresas voltem a funcionar como antes. Grande parte das pessoas foi impactada com redução de salário, donos de empresas impactados com a lucratividade, investimentos parados, o governo com o foco na saúde da população, ou seja, falta dinheiro na economia.

Olhando o copo meio cheio agora, existem oportunidades novas aparecendo no ramo da tecnologia, que passa a ser uma aliada forte para aumentar a eficiência e a produtividade, diminuir riscos e melhorar a imagem da empresa. O foco está em continuar a prover produtos e serviços de forma inteligente. A experiência do cliente já era foco e agora se tornou mais do que fundamental para a retomada, será uma disputa digital pela experiência do usuário.

Como exemplo prático, do “caos”, as agências digitais, aceleradoras digitais e empresas de desenvolvimento de aplicações sob medida voltadas à inovação e automação de processos, entraram na mira destes ecossistemas que já estavam estabelecidos e encontraram um lugar ao sol em meio à tempestade que vivemos. Muito por sua flexibilidade, agilidade e preço acessível, mesmo para as pequenas e médias empresas.

Creio que haverá uma crescente preocupação com a valorização das marcas. Se investirá mais em ações de marketing e sociais para torná-las marcas com propósito, ao mesmo tempo que a experiência do cliente estará cada vez mais em linha com a potencialização da valorização da marca.

Cada ecossistema trabalhando de forma efetiva, convidando novos e habilidosos jogadores que possam complementar de forma inteligente o modelo funcional e econômico, fará com que muitas consigam passar por esta última etapa do processo sendo mais eficientes, mais inteligentes, mais humanizadas e sendo “Fit”.

O desafio do líder para inspirar o time remotamente

Inspiração é um estado motivacional que energiza a atualização de ideias criativas. Existe uma situação interessante retirada de pesquisas. Inspiração geralmente não vem quando a buscamos. Surge em momentos inesperados. Logo um líder inspirador, alguém que inspira e se deixa inspirar, precisa ter os seus momentos de lucidez e tranquilidade para poder criar e inspirar.

Inspiração constantemente faz do líder alguém único, alguém a ser seguido. (Direitos de fotografia : MarekPhotoDesign.com via adobe acrobat)

O momento em que estamos todos em casa, em home office, home schooling, férias forçadas do marido e da esposa, enfim, uma mistura de processos e situações pouco conhecidas por todos, pode não ser favorável para criar e inspirar. Por outro lado, por que não usar este momento para que todos se ajudem e daí possam surgir novas ideias? Estudos mostram que as melhores ideias surgem da individualidade e não em grupo. Mas será que teremos espaço? Será que ideias podem aflorar mais rápido e melhor advindas da diversidade?

Mas, o que significa para o líder inspirar pessoas? Alguns pontos a considerar:

  • Fazer o seu trabalho de forma natural.
  • Inspirar pelo exemplo, através de suas ações.
  • Focar em resultado e entregá-lo sempre.
  • Conseguir vender bem as suas ideias, ser claro.
  • Usar boas argumentações e não usar de maneiras autoritárias.
  • Inspirar requer gostar/amar aquilo que faz.
  • Saber lidar com egos e com as expectativas dos outros.
  • Dar coach e feedback sempre que possível.

Inspiração vem da alma e do coração, não vem dos livros ou de outra fonte qualquer. Inspirar é o que faz um líder de verdade, significa fazer com que os outros a seu redor vejam a razão pela qual precisam agir. Inspirar é absorver a ideia, a mensagem, absorver o conhecimento que te faz mover adiante.

Mas como realizar este trabalho motivacional e inspirador estando longe do time, em uma situação como esta em que todos estamos remotos?

  1. Existem diversas pesquisas que dizem que a inspiração aparece em momentos altos de lucidez. Geralmente quando estamos passando por situações adversas em nossas vidas. Nestas pesquisas, as pessoas dizem ter acesso a suas inspirações artísticas e para inovação advindas de situações complexas de vida. Então este momento poderia ser fértil para inspirar os outros através de atitudes profícuas, mãos à obra;
  2. Estamos passando por uma situação grave, difícil, onde cada um tem a oportunidade de inspirar sua família, seus amigos, a empresa e empregados. Muitos profissionais nas mídias sociais demonstrando empatia, solidariedade, criando meios de ajudar um ao outro, alguns criando blogs, vídeos de autoajuda, lives de debates, tudo isto é um exemplo clássico de inspiração. Pessoas ajudando idosos, outros entregando currículos no mercado para as pessoas, outros se colocando à disposição apenas para conversar. Fazer uso das tecnologias como aliadas para inspirar as pessoas a continuarem suas jornadas, aprender, evoluir e crescer, é fundamental nos dias de hoje e demonstra o perfil do líder. Contudo, “não é preciso que a bondade se mostre, mas sim que se deixe ver” (Platão). Faça porque é teu, sem te preocupar com imagem, sem te preocupar com ego, te preocupe em fazer o bem, a consequência é o universo te retribuir com amor;
  3. Inspirar por meios remotos não é simples, requer escrita, oratória e retórica, linguística, intra e interpessoalidade. Predicados que muitos não possuem 100% desenvolvidos ainda. Praticamente as 8 inteligências, segundo o professor Howard Garden. Ora, então se trata de uma ótima oportunidade para desenvolver-se, buscar entender seus flancos de inteligência e os desenvolver. (clique no link do professor Howard e entenda um pouco mais.);
  4. Qualquer sinal de desmotivação por algum membro da equipe, o líder deve chamar um bate-papo virtual imediato para um processo de “Fale Francamente”. Estes encontros são efetivos para que o líder “escute” e, caso haja espaço, possa prover alguns direcionamentos já. Agendar um novo bate-papo subsequente para entender se houve melhora e já começar a prover alguns feedbacks. (costumo evitar o termo reunião para este tipo de encontro)

Martin Luther King, Gandhi, Jesus, são exemplos de líderes inspiradores, líderes que fizeram outros se moverem, e ainda o fazem por meio do que disseram e, principalmente, fizeram. Mas o que  todos tinham em comum? O dom da palavra e um profundo conhecimento do ser humano. Todos sabiam exatamente o que falavam e o que os outros queriam e precisavam ouvir, mesmo que isto machucasse as pessoas e fossem contrárias, faziam refletir, inspiravam. Proclamavam aquilo que acreditavam, e  faziam  com que as pessoas se movessem. Eram seres humanos diferenciados , inspiradores.

Um líder que inspira os outros, precisa fazê-lo constantemente, pois  as pessoas precisam estar constantemente inspiradas e motivadas para prosseguir, eu classifico isto como uma espécie de tóxico motivacional. Ou seja, se parar de consumir e esta pessoa ainda não tiver encontrado o seu propósito mais profundo que o motiva a realizar aquela atividade, pode ser que ela disperse e se torne improdutiva. Está aí o desafio do líder em tempos como o que estamos vivendo.

Quais recursos são inspiradores?

1)   Ter uma identidade forte. Eu acredito muito nesta ação, a qual deriva da Missão, dos Valores e da Visão da sua empresa. As pessoas precisam se sentir parte de algo que acreditam fielmente, precisam ter o sentimento de pertencimento ativo, aflorado durante a maior parte do tempo. Em tempos de incerteza, como o que estamos vivendo, a identidade do time precisa eclodir fortemente e se destacar. O líder deve promover a sua manutenção, algo que inspire as pessoas diariamente sem perder de vista (se não tem identidade forte emanada ainda, crie a sua, derivada da empresa);

2) Transformar suas reuniões com seu time e seu comitê decisório em reuniões virtuais eficientes, sem procrastinar, mas sendo claro e objetivo. Usar mensagens motivacionais, acolhedoras e se oferecer para ajudar no que for necessário, principalmente durante este processo de retorno. Uma boa ideia que tenho visto é entregar alguns presentes na casa dos profissionais, demonstrando afeto, carinho e apreço pelo profissional;

3) Durante as reuniões usar o mantra da Visão, Valores e Missão (item 1), sempre que possível para que todos continuem engajados no propósito da empresa. Tudo o que entregamos para nossos clientes, funcionários e sociedade em geral, está repleto da cultura da nossa empresa e não podemos esquecer que tudo deriva destes três pontos. Funcionários desmotivados, tristes, apreensivos, gerarão este tipo de percepção para o mercado.

Todos estes processos são formas importantes para mantermos o time unido e inspirado. Outro ponto importante, comemorar cada conquista, mesmo que estejamos longes uns dos outros. Uma pessoa feliz com resultados dissemina sua motivação para outras 8 pessoas. Uma infeliz dissemina para outras 30 pessoas. O líder deve conhecer cada um dos seus empregados bem, entender seus momentos e cuidar para que sua interação com os pares seja saudável.

Por fim, um líder inspirador precisa dar o exemplo para os seus liderados, pares e chefes. Precisa estar em evidência como consequência, não pode e não deve ser forçado. Deve ser simpático, empático e construtivo durante  a maior parte do tempo através de suas atitudes. Costumo orientar que, se estiver chateado com algo, procure isolar estes pensamentos rapidamente. Isto pode não ser fácil, pois pensamentos geram sentimentos que geram atitudes, então cuidado para não contaminar seu time, afinal eles te seguem e vão no mínimo se preocupar, ou seja, gerar uma distração que gerará certa improdutividade ao time. O maior compromisso de um líder é inspirar a sua equipe.



A experiência do Home Office, 70% dos gestores estão preocupados com o “Foco”

Vamos explorar a verdadeira experiência do home office versus a expectativa da empresa, do profissional e da família. De repente fomos levados a trabalhar em nossas casas e não estávamos preparados. Quais são os impactos percebidos?

Trabalhar de casa em tempos de pandemia tem preocupado líderes e governos sobre a saúde física e mental das pessoas (Direitos de fotografia : hakinmhan via adobe acrobat)

O dia era 11/03/2020, acordamos e como todos os dias saímos para o trabalho. Na hora do almoço nos deparamos com reportagens dizendo que a OMS havia declarado pandemia de corona vírus. Mas, precisamente o que isto significava de prático na vida das pessoas se já estávamos em alerta há algumas semanas? De prático, daquele dia adiante os governos endureceram o combate ao vírus ampliando o processo de isolamento social, empresas criaram planos baseados em três fases (cuidar das pessoas, cuidar das finanças, cuidar do retorno) e as pessoas foram impactadas com os seus filhos fora da escola, diversas escolas entraram em home schooling ou férias forçadas e os pais sem ter com quem deixar seus filhos. Além disso, as pessoas precisaram se estruturar para criar um ambiente propício ao trabalho remoto, cheias de incertezas e inseguranças quanto ao emprego e sobre o futuro da empresa.

A partir deste dia 11/03 o mundo não seria mais o mesmo, definitivamente.

A contaminação crescendo exponencialmente pelo mundo numa onda gigantesca vinda do epicentro da pandemia à época, a província de Wuhan. Víamos a Europa sendo altamente impactada e lutando contra uma força invisível e até então pouco controlável, algo que em breve chegaria às Américas. Na atualidade (JUN 20) as Américas são o epicentro da crise, quase dois meses depois do começo de todo este processo.

Todos nós fomos impactados. O processo de trabalhar em casa vem deixando empresas, os seus gestores e funcionários altamente envolvidos em encontrar soluções interessantes e inovadoras para o trabalho remoto, porém continuamente preocupados com o resultado de curto prazo. Vejamos os principais pontos:

  1. Ergonomia. Pessoas foram trabalhar em suas casas e muitas não tinham o preparo adequado que o seu escritório oferece, como: Cadeiras ajustáveis, mesas com a altura e apoio para braços e pernas, iluminação adequada e ambiente propício ao trabalho. Sem falar na parte tecnológica de rede, computação pessoal e impressora. (Sim, ainda precisamos de papel e tinta no Brasil, e muito!)
    • Algumas empresas estão fornecendo cadeiras do próprio escritório para que os funcionários possam trabalhar de suas casas, ex.: Nubank, (leia a matéria no link)
    • Sei de empresas que pagam uma ajuda de custo aos funcionários para comprarem cadeiras, pagarem infraestrutura de rede, impressora, papel, etc. Já faziam isto antes e agora farão muito mais, pois pretendem manter o modelo de home office quando a crise passar.
    • Para motivar as pessoas, vejo diversos posts nas mídias sociais de empresas enviando mimos para os funcionários se sentirem acolhidos e queridos durante este processo, se trata de uma forma interessante de manter os profissionais focados e menos inseguros.
  2. Work-life Balance. Muitos demoraram a encontrar um modelo de vida entre o trabalho e a vida pessoal que fosse equilibrado e agora tudo estava unido de tal maneira que necessitam de algo diferente para gerenciarem as suas vidas. Como não se distrair? Como não perder eficiência, produtividade e foco?
    • De repente as pessoas estão em um processo em que precisam se preocupar de forma extrema com sua saúde e de sua família, se preocupar com a saúde da empresa e se preocupar em executar o seu trabalho de forma adequada. Na maioria das vezes sem ferramentas, sem suporte adequado da empresa e sem treinamento algum para gerenciar o seu trabalho remotamente.
    • De repente tudo ficou mais complicado, falar com clientes e colegas somente com hora marcada e de forma virtual. A rede cai, o sinal é ruim, minha vida está exposta para todos via áudio e vídeo, barulho de cachorro, crianças, liquidificador e muitos outros. Vem a dúvida, será que preciso me arrumar como antes? E os horários? Qual o protocolo a ser seguido? O que vamos comer? Quem irá ao mercado, a que horas?
  3. Isolamento. Tínhamos o convício com os chefes, colegas, clientes e agora estamos todos isolados. Qual o efeito disto em nossas mentes e como continuar socialmente ativo no trabalho e na vida pessoal?
    • O trabalho de repente triplicou, afinal tudo ficou acessível virtualmente, mas com dificuldades grandes de controle de horário e qualidade das conversas.
    • Não tem mais clube, não tem praia, não tem mais a casa do campo. Como entreter a todos com o mínimo de locomoção? Como resgatar o mesmo espaço para trabalhar com foco e tranquilidade? As crianças ativas querem sua atenção, afinal estão todos em casa e elas não entendem você não poder falar se está presente, o que fazer?
    • Meu chefe não me liga, será que está tudo bem? Estamos no escuro, a comunicação não é boa!
    • Sua cabeça não pára de funcionar nem quando se deita. Preocupações intensas incorrem e você não sabe o que fazer. Será que tenho reservas emergenciais suficientes? Quanto tempo levará para normalizar? O que preciso fazer para manter minha produtividade em alta? Amigos sendo demitidos pedem ajuda, nossa que confusão!

Conversando com alguns amigos gestores, acreditamos que o grande impacto deste processo principalmente para os gestores é a manutenção do foco no trabalho e atividades pelos profissionais tamanha a quantidade de incertezas. Pelo menos 70% dos gestores têm preocupações fortes nesta area. Pessoas impactadas com Ergonomia, Work-Life Balance e fatores provenientes do Isolamento se vêem envolvidas em gerenciar estes três pontos de forma muito dura, gerando distração com impacto direto na produtividade.

Qual o desafio dos gestores então, análise da causa e efeito:

  1. Ergonomia. Se trata de saúde do profissional, o que pode acarretar em gastos maiores com plano de saúde, afastamento das pessoas gerando improdutividade e impacto nos resultados, além de processos futuros para a empresa.
    • Empresas que possuam condições de prover mobiliário e treinamento para os funcionários, farão toda a diferença, se trata de economizar e não perder dinheiro. Gestores com visão de longo prazo já perceberam e estão investindo.
    • Investimento em disponibilização de profissionais especializados com o tema de saúde mental é fundamental e que seja extensivo também para os cônjuges.
  2. Work-Life Balance. Levará um tempo para reequilibrar as coisas. As pessoas precisam deste tempo e os gestores precisam ajudar as pessoas, através de métodos eficientes (cartilhas, planos, mecanismos). A empresa precisa prover isto às pessoas e se possível colocar o RH e psicólogos à disposição.
    • Empresas e seus gestores precisam trabalhar a flexibilidade de horário e entenderem a situação dos profissionais de uma forma ampla. Gestores com menos profissionais sob sua responsabilidade precisam conhecer a realidade de cada um detalhadamente e apoiar com plano individual.
    • Não dá para pensar em equilíbrio sem comunicação sincera, clara, objetiva e constante. Feedback e direcionar o rumo dos trabalhos é papel do gestor de pessoas e este precisa fazer isto mais do que nunca agora para não haver distrações e impactos na saúde mental das pessoas.
  3. Isolamento. Pessoas estão longe dos colegas, dos chefes, dos amigos e da família em alguns casos. O fator emocional é sério, é grave e precisa de atenção dos gestores
    • Envolver os profissionais no plano de recuperação da empresa de forma efetiva, criando ações prioritárias com a participação de todos
    • Se envolverem juntos em ações para a comunidade, de novo, com participação de todos. Neste momento isto é fundamental, pois ajudará a saúde mental dos profissionais, a do gestor, além de alavancar a marca da empresa na sociedade. O que não falta são necessidades sociais, é só olhar para o lado, ou buscar apoio com as Organizações sem Fins Lucrativos dedicadas a estas causas.
    • Se trata de um momento que passará e que todos estão impactados. Logo o gestor, a empresa e os funcionários estão no mesmo barco e precisam se sentir assim. O gestor também tem suas inseguranças causadas pelo isolamento e precisa cuidar do seu psicológico antes de ajudar aos outros. Se está impactado, precisa procurar ajuda imediata.

Algumas tecnologias que podem auxiliar nesta gestão:

a. Continue a criar seguimentos operacionais para ver, comunicar e interagir com seu time. Utilize uma linguagem simples, calma e conforte a todos sempre que possível. Veja o post deste blog sobre Sessões virtuais.
b. Anote as opiniões dos participantes em algum aplicativo de texto, crie uma ata, compartilhe e crie um plano. Costumo utilizar uma aplicação chamada Trello para organizar o trabalho e criar visão dos próximos passos. Utilize as sessões virtuais para mudar a mente dos funcionários em relação ao futuro (habilidades a serem aprendidas, planos de carreira …). Por fim, utilize o método de visualização para criar a visão que precisa sobre os fatos. Nada mais é do que desenhar, criar esquemas, fluxos, enfim, colocar para o papel o que seu cérebro está produzindo de informação. Eu gosto de usar a ferramenta de Mapeamento mental chamada MindMeister a qual ajuda a organizar de forma colaborativa, até compartilhar.
c. Mantenha a calma e tente entender qualquer feedback negativo dos profissionais diretos antes de tomar qualquer ação, vá a fundo na causa antes de escolher o efeito. Aqui o processo de entrevista periódica vai bem, utilize métodos conhecidos de coach e entrevista para tirar o máximo de informações que estejam gerando fatores negativos e que precisam ser ajustados. Iniciativas interessantes que tenho visto são sessões de troca de experiências entre as pessoas, às vezes a solução está embaixo de nossos narizes e não vemos.
d. Forneça saídas para os funcionários socializarem, como número de horas felizes durante o dia, exercícios virtuais, reservar um horário para conversar, etc. De novo as tecnologias de reunião virtual, happy hours virtuais, dinâmicas de grupo, enfim, qualquer metodologia será bem-vinda. Grave vídeos motivacionais e envie para seus profissionais, estimule a criação de um grupo de troca de mensagens para gerar experiências, inovações e bons momentos. Veja o post sobre Ansiedade, há dicas interessantes de ferramentas que podem ser utilizadas para ajudar neste processo.

Concluindo, em tempos de crise e com o home office em alta sendo a única saída, o que mais impacta é a manutenção do foco. Para isso o gestor precisará ajudar as pessoas, a si próprio e a seus colegas. Não será fácil, ninguém disse que seria e de verdade ninguém estava pronto. A verdade disto tudo é que sairemos mais conectados, mais empáticos, mais conscientes de nossas fragilidades e de nossas forças. Solidariedade hoje, para termos prosperidade amanhã!

O que é a ansiedade para o gestor em tempos de crise? Aliada ou inimiga?

A reflexão se refere a ter ansiedade como uma aliada ou inimiga em tempos de crise, como ao que estamos vivendo atualmente. Por um lado, a ansiedade quando bem empregada, nos move a tomar decisões, por outro lado, nos consome e pode nos levar a um quadro de depressão. Tudo depende do nível da ansiedade que em geral é oriunda do estresse e do medo. Quanto maior, mais exagerada ela é, menor será o fator positivo para sua vida. Vamos tratar este tema e empregar algumas tecnologias que podem ajudar neste processo.

Anxiety can be a big weight and a burden with negative influence – Anxiety role and impact symbolized by a heavy prisoner’s weight attached to a person, 3d illustration (Direito da Fotografia: GoodIdeas via Adobe Acrobat)

Ansiedade é a preocupação intensa, excessiva, persistente e medo de situações cotidianas. Podem ocorrer frequência cardíaca elevada, respiração rápida, sudorese e sensação de cansaço. Qual líder já não sentiu estes sintomas?

A ansiedade vem com o trabalho de ser um líder. O processo de gerenciamento pode torná-lo mais forte, mais empático e mais eficaz, desde que consiga controlar sua ansiedade e estresse, ser um exemplo para o seu time e seus clientes, ser admirável.

Ter preocupação, alto compromisso, inquietude, inconformismo, enfim, tudo isto nos move a tomar as decisões. São centenas de decisões todos os dias, mas um gestor de negócios o faz a cada pequeno período de tempo de forma clássica. Algumas são mais complexas, como as que precisamos tomar em um momento em que o mundo enfrenta sua pior crise desde a segunda guerra mundial e as incertezas tomam conta de todos os setores da sociedade. Temos uma visão de 15 dias, no máximo 30 dias, não mais do que isso. Então como estaremos em 60 dias, 90 dias, ninguém sabe, causando muita ansiedade nos gestores.

A incerteza consome a todos. Empregos, antes em crescimento, agora despencam dia-a-dia. Empresas antes sólidas, estão à beira de pedir falência. Setores antes prósperos, hoje enfrentam uma mudança de modelo de negócios necessária para continuar a sobreviver. O jargão de que “o mundo não será mais como era antes”, impregnou desde o pequeno empresário até os CEO’s de grandes corporações. Mas quando tudo voltará ao normal? Aliás, voltará ao normal? Perguntam-se.

O fato é que ninguém sabe. O medo é oriundo do desconhecido, do obscuro, do não transparente. O medo gera estresse que gera a ansiedade, que pode levar à depressão. Tudo fruto do funcionamento do nosso cérebro e precisamos tentar controlar de alguma maneira tais pensamentos que geram tais sentimentos. Na pesquisa da professora Francesca Gino da Harvard Business School intitulada “Liderando através da Ansiedade“, a ansiedade é tratada das duas formas, mas o que deixa claro é que os gestores da atualidade estão acometidos de grande ansiedade, de grande responsabilidade encapsulada com ansiedade ruim. Este fator de ansiedade ruim acomete em média 40 milhões de norte-americanos anualmente, principalmente por:

  1. Medo de perder o emprego;
  2. Medo do que pode acontecer com seus empregados e ou com a sua área de trabalho;
  3. Dúvidas sobre como a gestão remota se desdobrará em tempos de crise;
  4. Receio de que as mudanças já reconhecidas no mercado influenciem diretamente na forma como montaram os seus negócios e como isto se refletirá no futuro das áreas e da empresa;
  5. Dificuldade de fazer um plano de recuperação consistente pelas incertezas do mercado;
  6. E simplesmente por ver crescer os fatores que pouco controla, frente aos que tem controle, causando ainda mais insegurança.

Algumas formas de controlar a ansiedade já nos são conhecidas, ou seja, atividades que mantém o controle e saúde de nosso cérebro, que constróem o equilíbrio. Yoga, ginástica, caminhadas ao ar livre, fazer meditação, jogar um jogo de vídeo-game, ouvir músicas, tocar um instrumento musical, escrever um blog, um livro, hobbies e muitos outros. Na matéria citada da HBR a professora menciona a meditação como forte aliada deste processo, sugerindo fazer o seguinte exercício em tempos de crise de ansiedade:

Primeiro, sente-se em uma cadeira. Coloque os pés no chão e as mãos no colo. Mantenha seu queixo neutro. Observe qual parte do corpo você pode sentir imediatamente. Depois, com os olhos fechados, verifique o seguinte:

Sua cabeça
Sua mandíbula
Seu pescoço
Seus ombros
Seus pulsos e antebraços
Seu peito
Sua parte superior das costas
Sua parte inferior das costas
Seu estômago
Seus quadris
Seus isquiotibiais e traseiros
Suas panturrilhas, tornozelos e pés
Observe quais areas sente tensão e, para obter algum alívio, respire direcionando seu pensamento às áreas de tensão ou dor.

Você também pode prestar atenção ao que está acontecendo com seu corpo em diferentes momentos do dia de trabalho, quando eventos específicos ocorrem ou quando você toma determinadas decisões:

  • Como você se sente às 9h, meio-dia e 15h e 18h? Seu corpo muda ao longo do dia?
  • Se você se estressar, uma parte específica do seu corpo reage?
  • Com que frequência você depende de uma bebida, medicamento, relaxante muscular ou o alívio da dor sem receita ao longo da semana?
  • Seu corpo se sente diferente depois do exercício? Seus ombros estão mais leves?
  • Como seu corpo se sente no fim de semana ou quando você está fazendo algo que gosta?”

Conhecer o seu corpo é essencial para uma melhor qualidade vida. A dor é uma forma de comunicação de seu corpo com você, sinal de que algo está errado. 100% das vezes é oriunda de uma ação sua, então reflita, mantenha a calma e pare de se machucar.

Alguns aplicativos ajudam muito neste momento de tensão, aqui vão alguns exemplos :

1-Down Dog – Aplicativo para quem gosta ou quer começar a fazer Yoga em casa.

2-Game, ex.:Candycrush – Conhecido jogo quebra-cabeças colorido. Concentração e distração garantidas. Serve para desfocar por alguns instantes e respirar.

3-Be Okay, Querida Ansiedade e outro é o Pacifica – Aplicativos que controlam a ansiedade através de técnicas e ferramentas de respiração.

4-Aplicativos nativos dos celulares e relógios inteligentes que uma vez configurados, ajudam no controle da respiração, exemplo do “Respirar” do Apple Watch.

5-Daylio Journal – Aplicativo que faz um mapa da sua saúde mental diariamente sem escrever nada, ao longo de um mês é impressionante o resultado.

6-Replika – aplicativo de inteligência artificial que conversa com você e sugere ações para sair das crises de ansiedade e estresse.

Existem muitos aplicativos destinados para este fim, contudo recomendo disciplina e não desistir ao instalar o primeiro aplicativo não se adaptando a ele. Os aplicativos são idealizados a cada persona (perfil pessoal). Defina qual é o seu preferido, aliando a ajuda que precisa e comece a usar com disciplina. Nada, absolutamente nada é melhor do que uma boa noite de sono, nada melhor do que um dia após o outro. Um dia ruim não garante que os demais assim o serão, pelo contrário, mas a sua mente controla suas reações, portanto manter as vibrações controladas e em alta, ajuda muito.

A pesquisa da Professora finaliza dizendo: “… leve a sério, como se o seu médico lhe tivesse receitado uma receita. Não é frívolo nem opcional para você como líder. E aspectos que você se sente confortável em compartilhar, podem beneficiar sua equipe: quando você modela boas práticas, outras pessoas dar-se-ão permissão para cuidar de si mesmas.”

Tenha compaixão de si mesmo e reconheça que você está fazendo o melhor que pode, que suas emoções são normais e que a coisa mais saudável que você pode fazer é se permitir experimentá-las“, diz Francesca Gino na matéria.

Ora, em tempos de crise ser ou estar ansioso, não seria algo normal?

Não generalizo, mas empresas caracterizarem seus profissionais que são ansiosos como fracos, como se fosse algo ruim, particular em momentos de crise, seria uma oportunidade gigante para mudar essa percepção, os ajudando ou simplesmente os entender e ajudar no processo de equilíbrio. Todos têm a ganhar seguindo juntos pela incerto e tortuoso momento de crise.

“Saúde mental é coisa muito séria. Não deixe que a ansiedade impacte sua vida definitivamente. Qualquer sinal grave como os mencionados acima, procure um médico de confiança e fale francamente com ele.”

O consumo via Comércio Eletrônico cresce 50% no Brasil

Devido ao confinamento pela COVID-19 e ao fato de que o comércio esteja fechado para o que não é considerado essencial, muitos consumidores e empresários optaram pelo uso do e-Commerce (comércio eletrônico). Mas por que? Como me ajustar a este momento? Como me previnir às fraudes? Como escolher os melhores sites de compras online?

Compras on-line crescem no Brasil (Direitos da Fotografia: Mymemo via Adobe Acrobat)

Segundo o portal ecommercebrasil.com os brasileiros estão cada vez mais ávidos por aderir às compras online. As compras pelo meio digital vêm crescendo mês a mês demonstrando uma mudança de hábito interessante do consumidor brasileiro. Culturalmente o brasileiro prefere ir às lojas, escolher os produtos, perguntar e experimentar. Como não há como fazer visitas às lojas pelo momento de confinamento, os sites de e-Commerce passam a ser boa opção. Há um grande foco dos consumidores nas de alimentação, bebidas e produtos eletrônicos.

O estudo aponta que 46% das pessoas aumentaram as suas compras por meio digital em mais de 50%. Somente em Abril o e-commerce cresceu 81% segundo outra pesquisa do portal ecommercebrasil.com.

Este crescimento alto faz com que as empresas do setor acelerem a estruturação de modo a suportar o aumento da demanda, prevendo a permanência desta tendência de crescimento das vendas digitais pós-pandemia. Me refiro à necessidade de novas aquisições de serviços de rede na nuvem (de forma simples, infraestrutura de servidores, storage, rede e banco de dados providos de forma virtual, escaláveis e cobrados sob demanda), de armazenamento físico, mais pessoas e processos, maior automação, maior foco nos canais de comunicação, melhor design de produtos e do portal e muitos outros. O Brasil não será o mesmo depois deste momento, principalmente nos setores varejista e de bens de consumo.

Mas e quanto ao consumidor? O que ele precisa saber? Bom, o consumidor precisa estar atento às entidades sem referência, com risco de perder dinheiro. Algumas dicas válidas a seguir:

  1. Todos nós temos as nossas preferências por empresas, produtos e marcas. Procurar entender se estão estruturadas para atendimento via portal de e-Commerce é o primeiro passo. Não precisamos necessariamente mudar nossas preferências, mas pode ser que não haja outra forma. Ex.: se gosto de tomar uma determinada cerveja artesanal, preciso entender se o cervejeiro está vendendo digitalmente e se faz entrega em casa ou tenho de passar na loja para pegar (entrega feita na empresa).
  2. Não usar internet gratuita para fazer suas compras. Procure usar uma rede confiável e fechada, a de sua casa de preferência, considerando todas as configurações de segurança como uso de senhas fortes.
  3. Atente se o site oferece algum tipo de garantia de devolução, algum tipo de meio de pagamento seguro e por fim, vale à pena olhar se o portal é referenciado no portal reclameaqui.com.br antes de comprar, para ver se há reclamações e como os clientes são tratados ao resolvê-las.
  4. É comum quando fazemos uma compra online, fazermos um cadastro antes. Nossos dados são preciosos, são nossa propriedade e toda empresa séria precisa seguir normas e regulações para a proteção dos mesmos. (leia sobre a Lei Geral de Proteção do Dados, ou LGPD no portal agenciabrasil.com). “A LGPD disciplina como empresas e entes públicos podem coletar e tratar informações de pessoas, estabelecendo direitos, exigências e procedimentos nesses tipos de atividades.
  5. Consulte os preços, os mesmos podem variar até 70% de um site para o outro. Cuidado com produtos falsos, que dizem ser de uma marca e no final são réplicas. Como vejo isto? Avalie as fotos com cuidado, verifique os preços, pois se são muito baixos para produtos novos, merecem atenção redobrada antes de comprar, pergunte ao vendedor sobre a procedência. Ferramentas como o buscape.com.br, mercadolivre.com, ebay.com, amazon.com são fontes interessantes para começar a buscar os produtos e ter noção de escolha. Na maioria destes mercados se pode comprar inclusive de pessoas físicas. Quando uma pessoa ou empresa vende produtos pela internet costuma-se receber avaliações de seus clientes, o Score ou Rating (estrelas), além de comentários. Valide antes se este vendedor é bem-conceituado (4 ou 5 estrelas), se entrega no prazo, se os produtos são originais e se é atencioso com os clientes. Bons comerciantes cuidam para que seus clientes comprem e voltem a comprar. Se têm dúvidas sobre o produto, pergunte antes e tenha a noção exata sobre como funciona o processo de devolução.
  6. O processo de envio de produtos aos consumidores tem melhorado muito no Brasil e neste momento de pandemia as empresas de logística estão com altos índices de entrega, um aumento de mais de 70%. A referida pesquisa do portal ecommercebrasil.com menciona que os clientes estão altamente satisfeitos, cerca de 80% de satisfação. Há um entendimento que a alta demanda afeta a logística, a qual está se ajustando para suportá-la, aceitando inclusive pequenos atrasos sem impacto direto na satisfação.

Se está com receio de comprar digitalmente, mas você deseja experimentar, sugiro inicialmente comprar produtos de pequeno valor para testar. Não esquecer de seguir os 6 pontos acima. Depois é só evoluir para compras mais substanciais. Tente pedir flores, comidas, bebidas, um tênis que já conhece o modelo e a numeração que melhor se adequa a você, cartucho para impressora, entre outros. Uma vantagem interessante é que se quiser presentear alguém, você pode enviar direto para a casa da pessoa, afinal você não quer esperar passar o período de confinamento obrigatório para entregar o seu presente, certo?

Olhando agora para o lado das empresas de vendas de produtos e que agora estão se especializando também em vender pela internet, estas precisam prestar atenção aos pontos acima e principalmente sobre a usabilidade e quão amigável o seu site é. A experiência do usuário precisa ser fantástica, se trata de garantir a qualidade para uma maior competitividade.

Mas, o que é isto? E como podemos dirigir melhor a nossa atenção para o tema? É como o cliente, o usuário navega no site, como encontra os produtos buscados, quão fácil é comprar no site, contatar o vendedor, fazer uma devolução, o passo a passo ser simples, confiável e rápido, ou seja, ser menos burocrático e acima de tudo passar segurança. Já ia me esquecendo, o site precisa dar a possibilidade de se fazer pagamentos considerando os tipos mais comuns, como cartão de crédito, débito, boleto, etc.

Mais do que vender, é fundamental cuidar da experiência do usuário, insisto. Um bom portal de vendas precisa ter recorrência e primar pela fidelização. Ou seja, eu comprei este mês e posso voltar a comprar no mês que vem, e no outro de novo, pois fui bem atendido. Além é claro de recomendar o portal para um amigo ou familiar. E se o portal der um desconto ao cliente caso ele o indique para outra pessoa? Quanto menos contato com o vendedor eu tiver, mais objetivo, efetivo estará o meu portal. O tempo que levo até comprar o produto e recebê-lo, conta como experiência, logo precisa ser breve, precisa ser assertivo.

Tudo está relacionado ao fluxo deste processo e o quão eficiente ele é. A empresa precisa pensar diariamente em melhorar este processo para atrair novos clientes e reter os que já compraram, fidelizar. É por isto que profissões começam a prosperar no setor e mais vagas se abrem nas empresas. Como exemplo, o Gerente de Produtos Digitais, Gerente de Experiência do Usuário e desenvolvedores/designers. Estes profissionais são responsáveis pela criação, manutenção e lançamento de novos produtos. Eles ouvem os clientes todos os dias através de participação em atendimentos, pesquisas dirigidas de satisfação e chat (mensagem direta com o cliente via portal). Este processo serve para calibrar diariamente os produtos e o portal de vendas para melhor atender os clientes.

O mundo será diferente quando tudo normalizar e precisamos nos adaptar a ele já. A oportunidade que existe hoje precisa ser satisfeita hoje, tamanho o dinamismo que o mercado vem empregando, as empresas estão agindo, estão atentas e o consumidor é o fiel desta balança. Contudo, todo o cuidado é pouco, as fraudes existem e são cruéis. Evite aventuras. Se não conhece, não tem uma referência do estabelecimento, não vá em frente. Procure se amparar e comprar de nomes conhecidos do mercado, ou via portal de compras já estabelecidos e de domínio da sociedade. Mesmo assim não existe e nunca existirá um ambiente 100% seguro na rede. Bem-vindos à nova economia digital definitivamente, onde somos mais dinâmicos, ousados e ágeis.

Um dia sem o meu celular

Vamos imaginar juntos por um momento uma situação: “Seu celular quebrou na noite anterior e você o deixou para consertar. Ficará um dia sem ele, voltará a ter acesso amanhã no final do dia, por volta de 19:00 hs.” Como será o seu dia amanhã sem seu melhor companheiro, sem o seu computador de mão que lhe dá acesso ao mundo?

Direitos da Fotografia: pathdoc via Adobe Acrobat

Vamos contextualizar um pouco. O uso do celular em países emergentes é maior do que em países desenvolvidos, segundo matéria do CanalTech.

https://canaltech.com.br/internet/brasil-e-o-segundo-pais-do-mundo-a-passar-mais-tempo-na-internet-131925/

A matéria ainda mostra que o  Brasil é o segundo país do mundo que passa mais tempo conectado à internet. No mundo as pessoas ficam em média 06:42 minutos conectadas à internet, enquanto que no Brasil as pessoas ficam 09:29 minutos em média todos os dias.

O mesmo estudo mostra que cerca de 67% da população mundial possui um aparelho celular e grande parte dos novos usuários adquirem seus aparelhos celulares para participarem das mídias sociais.

Bom, vamos tentar comprovar a veracidade dos dados criando uma situação que pode perfeitamente ser real na vida de cada um de nós. Nosso celular quebrou e ficaremos um dia sem ele.

Você acorda pela manhã e provavelmente se dirige ao seu banheiro sem o seu celular. Um vazio bate forte neste momento e você procura insanamente por uma revista, por um jornal e lembra que cancelou todas as suas assinaturas para a forma digital, acesso a eles somente via internet agora. Então você decide prosseguir sem nada mesmo. Levar um livro ao banheiro seria uma boa idéia, você pensa, mas não sei, é meio anti-higiênico… bem, você decide ir desnudo de leituras mesmo.

Você sai do banheiro depois de planejar com calma o seu dia. Estudos indicam que as melhores idéias acontecem quando você está relaxado, no chuveiro por exemplo. Se arruma com calma, toma cuidado para colocar as meias “iguais” e que combinam com a roupa escolhida e senta para tomar um café. De repente você se dá conta de que tem um cachorro e dois gatos na casa e eles lhe pedem atenção. Você troca carinho com eles e isto torna sua manhã mais feliz, bem como a deles que serelepes demonstram a você toda a sua alegria.

Nossa! E se alguém estiver a minha procura? E agora? Você entra em pânico por 5 segundos, mas se recorda que enviou uma mensagem a todos dizendo que seu celular quebrou e ficará sem ele durante todo o dia, então pensa : “Bom, as pessoas sabendo disto vão enviar e-mails. Que alivio!”

Você acaba o seu café depois de ter pensado na sua agenda com calma, ter trocado carinho com seus animaizinhos de estimação e agora você se prepara para ir para o trabalho (vamos imaginar que já saímos do confinamento, certo?). Entra no elevador e repara que trocaram os botões do carro, colocaram um quadro de avisos e lê o comunicado da semana pela primeira vez. O condomínio vai aumentar 10%, ainda bem que vc leu e poderá se programar financeiramente no mês seguinte. Você se olha no espelho e repara o quão reluzente está, “será um grande dia!”

Entra no carro e tenta ligar o Waze, mas sem celular é impossível. Caramba, você está tão acostumado a seguir o Waze que nem lembra mais ao certo o caminho do trabalho. Bate novamente aquele pânico de 5 segundos, afinal pode ter um trânsito infernal te aguardando lá fora. Resolve então seguir os seus instintos e ir pelo “caminho da roça”, aquele comum que sempre fazia antes do Waze entrar em sua vida.

Você pára no farol e olha para o lado. Aquela olhadela proibida no celular nem pensar, ele não está lá. “Ufa, pelo menos não serei multado hoje, você pensa.” De repente você lembra que pode pensar onde vai almoçar, o que vai comer, você lembra que amanhã é aniversário do seu melhor amigo e que precisa lhe comprar um presente. Ótimo você vai almoçar no Shopping perto da empresa hoje, afinal faz tanto tempo que não faz isto. “Se eu tivesse com meu celular, poderia já olhar o que comprar, ver os preços, comparar produtos e até deixar encomendado na loja. Que perda de tempo!”

Você chega no escritório, 25 minutos mais tarde da hora habitual. Você repara que continua sendo um dos primeiros a chegar e sente uma alegria diferente quando comentam que tem pelo de cachorro na perna da sua calça. Seu colega, um que sempre está por perto e você diz bom dia todos os dias, mas se quer lembra seu nome, te pergunta se tem um cachorro, qual a raça, o nome, pergunta se tem uma foto. Você responde e lembra que lamentavelmente está sem o celular para mostrar as fotos. Puxa, você não vai conseguir fazer aquela self engraçada para mandar no grupo do clube. Tão pouco poderá ver o que estão falando no grupo. E se estiverem falando de mim? Bem, você lembra que quem está ausente vira assunto durante todo o dia, mas logo é esquecido. Lembra também que os temas são sempre os mesmos, política, seu clube de coração empatou o jogo do final de semana de novo, figurinhas, figurinhas e mais figurinhas. “Tudo bem, eu vou sobreviver!”, você pensa.

Você entra no seu computador e repara que chegaram poucas mensagens importantes. “Ufa! Não perdi muita coisa!” Você apaga 50% de mensagens que são do tipo spam e passa o olho naquelas em que está em cópia somente. Repara que sobraram 5 mensagens realmente importantes e as responde com total calma, sem dar aquela passadinha básica nas mídias sociais.

Hora do almoço! Você vai ao shopping pra comprar o presente do seu amigo como planejou. No caminho repara como os Ipês estão floridos, um casal de maritacas no fio elétrico conversando é engraçado. Repara a felicidade do catador de papelão ao receber um bom dia e retribuir, “ele parece bem feliz”, você reflete consigo. Que troca de energia bacana você está sentindo. “Meu Deus, pintaram a fachada da floricultura e, não espera, mudou o dono e nem floricultura é mais, agora é uma loja de doces! Nossa, a dona anterior era tão bacana o que será que aconteceu?” Você repara que o mundo mudou muito à sua volta e que não tinha a menor idéia. Provavelmente recomendaria a floricultura a alguém que o perguntasse, mas seria equivocado indicá-la!

Você consegue olhar as lojas e decide comprar uma camisa para o seu amigo. Consegue dar atenção para a vendedora que explica em detalhes o número de fios, a cor, o tamanho, o tipo do corte. “Nossa nem sabia que tinha tantos detalhes para comprar uma camisa, pela internet não tem esta personalização”, pensa você. Mas certamente comprou o tamanho certo e a camisa que seu amigo vai adorar, afinal prestou atenção em cada detalhe.

Você volta para o escritório, participa efusivamente de duas reuniões importantes, afinal conseguiu ter tempo para se preparar. Como resultado o seu chefe te elogia e agradece pelo trabalho sensacional que fez. Seu funcionário aproveita e pede para que o ajude numa questão urgente e você resolve tão rápido que sobrou tempo para lhe dar um feedback de qualidade. Repara o brilho nos olhos do seu funcionário e pensa quão dedicado ele é, poderia pensar em lhe dar mais responsabilidades…

Seu dia vai chegando ao fim e está quase na hora de pegar o seu celular de volta. “Nossa, que saudade!”. Vou fazer uma self, mandar para meu novo colega a foto do meu cachorro, mandar um WhatsApp para meu funcionário, ler todas as mensagens, entrar em uma Virtual Meeting com a minha família, trabalhar o novo texto do blog e por fim, na hora de deitar eu vou assistir a mais um capítulo da minha série favorita, ou ler o meu livro de cabeceira no aplicativo do Kindle. Mas antes, é claro, eu vou dar uma passadinha nas mídias sociais e ligar o Waze, afinal não quero ficar muito tempo no carro. Vou aproveitar e colocar minha playlist predileta do Spotify para tocar no carro. “Ah! A minha vida estará de volta, eu comigo mesmo e às vezes com o mundo lá fora se der tempo. De volta com o poder de me comunicar com milhares de pessoas ao mesmo tempo e receber likes e estrelinhas, tipo aquele episódio do Black Mirror que me deixou inquieto durante dias, mas tudo bem!”

Você volta à razão e chega à conclusão de que o ser humano definitivamente está doente, precisa encontrar o equilíbrio entre sua vida orgânica, relacional com o mundão lá fora, e a sua relação com a vida digital. Esta sensação de que preciso estar 100% conectado com todos e participando de tudo, faz com que o tempo passe, as relações sejam mais frias e nos tornemos muito mais indiferentes ao lado humano. Tecnologia é bom, é necessária, mas não podemos viver numa bolha e perder o que de melhor existe, a humanidade, o afeto verdadeiro e cuidarmos uns dos outros.

A Suécia é uma referência na qualidade de vida de sua população. Atualmente as empresas locais buscam aumentar ainda mais esta qualidade de vida para os seus funcionários de modo que possam usufruir de suas conquistas materiais em família. Estão testando algumas fórmulas para a redução da jornada de trabalho subtraindo um dia de trabalho na semana, ou 6 horas de trabalho diárias, sem redução dos salários. Mas, durante o expediente de 6 horas diárias o foco precisa estar 100% no trabalho, sem distrações com celular por exemplo. A partir daí terão mais tempo para passar com as suas famílias. Os primeiros resultados destes estudos mostram uma queda nos custos com saúde, mas definitivamente precisarão fazer uma jornada transformacional, pois reduzir as horas de todos os setores ao mesmo tempo, aumentará os custos no curto prazo para o estado.

Ao que parece os países desenvolvidos já encontraram uma forma de serem menos dependentes desta cultura digital desenfreada. Encontraram alguma forma de equilíbrio sem deixar de dar valor à cultura base de nossos pais e avós de se relacionar à mesa, assistir a um filme juntos e de comungar com a natureza. Uma coisa não exclue a outra, podem conviver e serem complementares. Precisamos buscar logo o equilíbrio, afinal a tecnologia é aliada para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e como tudo na vida, o que é exagerado, é prejudicial!

Os 3 pontos de Inflexão para que a inovação tecnológica prospere

Trabalhei por quase 6 anos no Gartner Inc. Estar ao lado de intelectuais todos os dias, aprendendo e podendo apoiar os meus clientes constantemente foi fascinante. Principalmente por começar este trabalho em um momento em que o ambiente ainda era hostil para o uso contínuo do conhecimento para a tomada de decisão no Brasil.

Direitos da Fotografia: xyz+ via Adobe Acrobat

Diversas lições foram aprendidas, mas uma em especial gostaria de compartilhar com todos. Existe uma linha de de pensamento sobre mensurar se uma idéia, uma inovação ou tecnologia existente, ou não, é viável de ser aplicada em um dado contexto através de 3 pontos de inflexão: Tecnologia, Cultura e Regulação. Vamos explorar um pouco estes três pontos:

  1. Cultura (conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social) – se testa as fronteiras culturais e sociais. Este ponto é de extrema complexidade, afinal a entidade empreendedora precisará estudar cuidadosamente o comportamento humano, as crenças e costumes do locar o qual pretende atingir. Cada país possui a sua cultura e ambiente social. Pois bem, como aplicar uma determinada inovação e esta impactar positivamente a vida das pessoas naquele local? Imagina a dificuldade de mensurar isto em uma multinacional que quer expandir território. Trazendo para a nossa realidade, mensurar a cultura para aplicação de uma dada Inovação no Brasil, país continental com regiões bem diferentes e culturas peculiares, poder ser ainda mais complicado e de certo modo impactar o Business Case de uma empresa nacional em expansão e ou uma multinacional se o foco dela for atender ao país inteiro. Aqui tratamos exatamente o que o blog se propõe, a inovação tecnológica impactando a vida das pessoas.
  2. Regulação – regulações podem impedir ou criar as oportunidades de negócios digitais. Nos EUA os estados possuem regulações próprias, o que pode impactar bastante uma estratégia que almeja atingir a maioria dos estados do país de uma única vez, fazendo-se necessário estudo que permita focar na aplicação de ida ao mercado em ondas. Em geral eu diria que é mais provável que regulações impeçam a inovação, afinal não é fácil mudá-las e o tempo é fator preponderante para se inovar (o que é inovação hoje deixa de ser amanhã, o que é uma oportunidade hoje, deixa de ser amanhã). Se há alta volatilidade como explicado, e mais ainda, há uma dúvida sobre seguir ou não pelas leis impostas, provavelmente não está claro o impedimento e poder-se-á abrir lacunas para se discutir a aplicabilidade da inovação. Se a inovação gerar impacto positivo na vida das pessoas, na sociedade e, sendo aprovada, de certo será necessária a geração de novas regulações embasadas nesta inovação.
  3. Tecnologia – O ritmo desenfreado de evolução e uso das tecnologias nas empresas e na vida das pessoas fará com que todas as entidades governamentais ou privadas se tornem entidades tecnológicas, fornecendo produtos cada vez mais diversos atingindo às necessidades dos clientes. Cada vez mais as entidades se preocupam com o usuário, a pessoa, o consumidor. Esta peculiaridade do momento impactará e muito como estas entidades tomam decisões, o foco que precisa ser dado, suas missões, seus valores e crenças. Aqui testamos se temos tecnologia disponível para executar esta inovação e se ela pode atender às regulações e a cultura local.

Deste modo é certo dizer que se um ou mais dos três pontos acima falhar, a inovação pretendida não deveria ser aplicada, melhor ainda, deve ser estudado o seu Business Case e discutido entre todos os interessados antes de dar um próximo passo. Isto acontece muito em empresas startups e empresas já estabelecidas que estão alavancando novos produtos para escalar.

Um exemplo que gosto de usar para ilustrar este tema é o da empresa Uber. A empresa chegou no Brasil em 2014 e a cidade escolhida para dar início as suas atividades foi o Rio de Janeiro. No dia 28 de abril de 2015 a Justiça do Estado de São Paulo veio a determinar a suspensão liminar do aplicativo Uber no Brasil. Porém em 04 de maio de 2015 a liminar foi revogada, voltando a ser novamente suspensa pela Câmara de São Paulo no dia 30/06/2015. Em 10 de maio de 2016, o prefeito de São Paulo assinou um decreto regularizando o Uber na Capital. Isto aconteceu em diversos estados e países pelo mundo, com França e Reuno Unido. Vamos analisar sob a ótica dos 3 pontos de inflexão:

  1. Cultura: para se conseguir um transporte como taxi as pessoas ligavam para os pontos próximos de sua residência, torciam para que houvesse disponibilidade de carros para serem atendidos, ou iam para as ruas sinalizar para conseguir um transporte. As pessoas tomavam chuva, ficavam embaixo de sol escaldante esperando por minutos, às vezes por horas para se conseguir um taxi. Com a chegada do Uber, se tornou possível solicitar o carro de dentro do escritório, entender o tempo em que ele levaria para chegar e tomar a decisão se é suficiente ou não. Optar antecipadamente pela forma de pagamento e o tipo de taxi, se mais confortável, ou menos confortável, se mais luxuoso ou menos luxuoso, e assim por diante. Finalmente, abriu-se um novo tipo de trabalho para motoristas que não possuíam alvará de taxi, aumentando o número de veículos disponíveis para o transporte de pessoas na cidade e melhorando o atendimento aos usuários. Ou seja, a cultura foi alterada de forma abrupta e as pessoas compraram a idéia.
  2. Regulação: houve uma enxurrada de reclamações da categoria de motoristas de taxi e de transporte público. Do outro lado a população e os motoristas de aplicativo exigiam a continuidade do serviço. A adequação das leis para que o Uber pudesse ser regulado e coexistir foi praticamente irreversível. Clássico caso em que as leis foram “desafiadas” e por uma aclamação popular das partes (usuários e taxistas), precisaram ser reformuladas.
  3. Tecnologia: todo mundo tem um computador pessoal nas mãos. Os celulares e as plataformas digitais são hoje uma combinação potente para o uso da tecnologia em prol do bem-estar das pessoas. Tecnologia existe para transformar a vida das pessoas, para melhorar e potencializar a vida das pessoas. Ou seja, tínhamos a tecnologia disponível e já estávamos em um nível de maturidade bom para a utilizarmos, a adotarmos em nosso cotidiano foi questão de tempo.

Conclusão, o que sempre aconselho aos empreendedores e startups é o de analisar cuidadosamente os 3 pontos de inflexão antes de tomar decisões que impactem definitivamente a empresa. Não tenho dúvidas de que são fundamentais para a tomada de decisão e sucesso do empreendimento. O mesmo vale para inovação de processos com o uso da tecnologia, analisando as regulações internas da empresa, sua cultura através dos recursos humanos e da área de compliance da empresa.

A tecnologia na vida das pessoas chegou para ficar, não há mais volta, e a cada dia os países serão desafiados a adotar estas tecnologias para proporcionar uma qualidade melhor de vida aos cidadãos. Vou mais além, o uso dos três pontos de inflexão para a tomada de decisão deveria ser considerado também nas famílias. Algumas perguntas a serem feitas: Devo adotar uma tecnologia que impactará a cultura familiar? Devo usar uma tecnologia que desafia meus dogmas e regulamentos criados? Posso aceitar e mudar isto? Eu tenho acesso a esta tecnologia ou devo adquiri-la? A que custo e que impacto terei no orçamento familiar para mantê-la?

Material de referência: https://www.gartner.com/en/newsroom/press-releases/2015-10-07-gartner-reveals-three-digital-forces-and-three-leadership-levels-to-take-digital-to-the-core-of-every-business